Marqueteiro Mario Marques abre filial de marketing político em Londrina

Profissional fez avaliação do cenário político eleitoral da cidade.

Imagem: Divulgação

Tem um candidato a pé-vermelho na cidade. O jornalista e marqueteiro Mario Marques acaba de pisar em solo londrino com sua agência, a LabPop, há 13 anos no mercado. Marques se especializou em pesquisas e avaliação de cenário e se tornou um dos mais atuantes marqueteiros políticos do Brasil. De campanhas de governador (Anthony Garotinho) a de presidente de clube (foi ele o criador da imagem paz e amor de Eurico Miranda em sua volta ao Vasco em 2014), Marques roda o país analisando cenários e criando conceitos para candidatos.

“Vim aqui em setembro de 2023 para dirigir uma pesquisa qualitativa na cidade, me apaixonei e estou me dedicando a criar laços com o Paraná”, diz ele. Mario Marques é também o fundador do instituto Prefab Future, cuja primeira pesquisa no Paraná o Tem Londrina publicou em maio. “Desliguei-me do board de executivos em 2022 para me dedicar às campanhas eleitorais, mas acompanho tudo de perto. O instituto cresceu muito, ganhou reputação, está se expandindo no Sul e nos ajuda demais nos nossos diagnósticos”. Sobre a eleição em Londrina, Mario Marques diz que conhece o cenário a fundo: “Mergulhei muito no perfil dos pré-candidatos e hoje sei do potencial de cada um”, disse.

TEM: O que te trouxe a Londrina?

MARIO MARQUES: Fiz uma pesquisa qualitativa aqui em setembro de 2023 e me apaixonei pela cidade, pelas pessoas, pela qualidade de vida, pelo ar, por absolutamente tudo. Hoje é impossível viver em paz no Rio de Janeiro. A cidade foi tomada pelos bandidos e o poder público está paralisado. Estamos presos em casa, reféns de uma multidão de bandidos. Viver no Rio hoje é um suplício. Aqui me sinto seguro, tomo meu caldo de cana no Igapó, os restaurantes eu já conheço quase todos, ando pelo bairro (ele mora na Gleba Palhano) feliz da vida e estou conseguindo rodar o Paraná apresentando nossos cases. Estou entre Rio, São Paulo e Londrina, mas estou encantado por essa cidade.

TEM: Como você virou um marqueteiro político?

MARIO MARQUES: Trabalho com Comunicação há 36 anos (ele tem 54). Eu sou originalmente jornalista de redação. Passei 20 anos entre “O Globo”, “Jornal do Brasil” e algumas revistas. Eu era crítico e repórter de música. Escrevia sobre discos, shows, rodei o mundo como jornalista de música. Mas em 2009 migrei para o marketing. Um amigo me convidou para ser diretor de conteúdo e lá me encontrei com as redes sociais, a começar pelo Twitter. No ano seguinte, abri a LabPop, que teve como primeiro cliente a Regina Casé. Fomos desenvolvendo estratégias e conceitos e o mercado de campanhas se abriu para a gente. Então entramos e não mais saímos.

TEM: Mas como foi essa transição de jornalista de música para marqueteiro político?

MARIO MARQUES: Foi absolutamente suave e isso devo ao meu pai. Meu pai foi vereador por sete mandatos consecutivos, prefeito e deputado estadual no Rio. E eu participei direta ou indiretamente de todas as suas campanhas. A primeira campanha que toquei como marqueteiro, sem saber, foi em 2004, na disputa do meu pai contra o Lindbergh Farias, à prefeitura de Nova Iguaçu. Aprendi demais com um cara chamado Michelangelo Moura. Assisti pela primeira vez a uma pesquisa qualitativa naquele ano. Então, na hora de me assumir oficialmente como marqueteiro, foi tranquilo. Eu sempre tive o domínio de tudo o que precisava ser feito.

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TEM: Você faz muita pesquisa qualitativa, correto? Conta um pouco sobre esse modelo de pesquisa…

MARIO MARQUES: Sim, eu rodo o Brasil inteiro dirigindo qualitativas, que hoje é o coração de uma campanha. A quantitativa entrega números, com pesquisadores na rua e um questionário básico. A qualitativa, não. A qualitativa é realizada numa sala com grupos focais, demanda tempo e estratégia, e mede sentimento, percepção, tendência… eu sabia tudo o que ia acontecer aqui em Londrina já no ano passado!

TEM: Como assim?

MARIO MARQUES: Londrina tem um prefeito (Marcelo Belinati) bem avaliado, que ganhou muita força na gestão da covid, ele e seu secretário de saúde, Felippe Machado. Mas um segundo mandato sempre gera um desgaste mais para o fim. Acontece com todos. Então a sucessão do Belinati teria que passar a um nome mais novo, uma nova respiração. Eu achava que seria o Felippe Machado. Mas o prefeito decidiu pela professora Maria Tereza, que veio recentemente de Ourinhos-SP, e terá uma provação pela frente, que é se conectar de verdade aos londrinenses. De um modo geral, o nível da oposição é bem alto, os pré-candidatos são bons e têm perfis muito diferentes e ricos. O Tiago Amaral, em tese, aglutina a direita, é jovem e é ligado ao agro, a maior força econômica da cidade, e é o nome do governador Ratinho. Mas o coronel Villa também representa a direita. E aí temos pré-candidatos de centro interessantíssimos, o Tercílio Turini, experiente político da cidade, o Jairo Tamura, que representa a colônia japonesa, mas vai além disso. E o ex-prefeito Barbosa Neto, que hoje lidera a pesquisa feita pelo Prefab Future e divulgada pelo Tem Londrina. Se você olhar a pesquisa Prefab por dentro, verá que o Barbosa está mais forte nas classes de poder aquisitivo mais baixo, entre os que mais precisam. Então, hoje é ele o pré-candidato que mais representa o belinatismo, que tem raízes populares fortíssimas em Londrina. Barbosa, por outro lado, é o que tem maior rejeição. Então terá que tratar sua imagem. Aqui também tinha a deputada federal Luísa Canziani, que seria uma ótima candidata, trabalhadora, focada. Enfim, é uma eleição, do ponto de vista antropológico, interessantíssimo. Eu sigo todos eles nas redes sociais e acompanho cada post em todos os detalhes. Até a política em Londrina me encanta (rs).

TEM: Você citou a pesquisa do Prefab Future que o TEM publicou. Como você avalia a pesquisa?

MARIO MARQUES: O que está acontecendo aqui acontece em muitas capitais e cidades grandes: o eleitor agora está totalmente desconectado dos políticos e da política. Então, nesse momento, o eleitor, ao ser abordado na rua por um pesquisador e olha para a cartela de candidatos, ele acaba escolhendo os que conhece mais. A partir do momento em que as campanhas forem para as ruas, os números vão se mover. Cabe a cada um dos pré-candidatos achar seu conceito e buscar os caminhos mais adequados. Veja que na pergunta espontânea, na qual se pergunta em quem o eleitor vai votar para prefeito, mais de 70% dizem não saber. Então tem muita água para rolar. O marketing está apagado. Mas creio que a partir de julho esquenta,

TEM: Mas o Marcelo Belinati segue sendo um bom cabo eleitoral, correto?

MARIO MARQUES: Sem dúvida. Basta olhar a pergunta espontânea a prefeito, que ele lidera. Mas sua pré-candidata não está ainda conectada a essa popularidade. O eleitor está olhando os movimentos, à espera das conversas, dos projetos, propostas e, especialmente da forma. Olhando de soslaio, ainda não há nenhum pré-candidato a prefeito em Londrina com um conceito claro. Vai ser uma eleição muito disputada e certamente com segundo turno.

TEM: Você também é escritor. Você pretende lançar seus livros aqui em Londrina?

MARIO MARQUES: Seria um sonho, mas só vocês vão aparecer na noite de autógrafos! Ninguém me conhece aqui, então estou no passo a passo, uma coisa de cada vez. Tenho 9 livros lançados, 3 de marketing político, um de pesquisas qualitativas. Esses talvez, sei lá, em algum momento, eu tente lançar esses aqui. Vamos ver. O que eu quero mesmo é, no futuro, ser visto como um pé-vermelho, quem sabe?

Redação Tem Londrina